Contra

por D. em sábado, 6 de março de 2010

É também o nome dado aos rebeldes que combateram contra a Revolução Sandinista na Nicarágua e felizmente, a minha perspicácia não foi traída: efectivamente o nome do novo álbum dos Vampire Weekend pretende evocar a memória dos Contra. Tudo tem uma razão. E assim o dita a crítica feita no All music ao mesmo álbum, que confirma essa primeira impressão relativamente à escolha do nome. Dizem eles que faz o contraste com a foto da jovem loira e bem arranjada de pólo Ralph Lauren que dá cor à capa. A esta parte não tinha eu ainda chegado na análise da estética do álbum.

Os Vampire Weekend surgiram em 2007, vindos de Nova Iorque e lançando assim ao ar uma sonoridade que ia buscar tanta coisa que era estranha. Tão estranha que foi caracterizada de Upper West Side Soweto (pela própria banda), o que se torna bastante impossível e incoerente de tradução, mas que basicamente se encerra numa mistura entre indie rock, com precursões saídas de uma qualquer savana africana e que em Contra, se mistura com sonoridades electrónicas. Ou seja, basicamente percorrer um álbum do início ao fim dos Vampire Weekend é fazer uma viagem, bastante agradável por variadas coisas, todas diferentes entre si, todas frescas e sem preocupação: lamento informar, mas em grande medida as letras não fazem grande sentido.

Claro que Contra é diferente do homónimo álbum de estreia, existe aqui uma componente introduzida pela electrónica que torna as canções em possíveis banda-sonoras de jogos de plataforma, tornando-as ao mesmo tempo descomprometidas e bem-humoradas. White Sky é aliás a melhor amostra dessa conjugação entre as precursões e os sons computorizados, sendo que é vocalmente impossível atingir o tom de voz dos “uhuh” que funcionam como refrão, ou pelo menos se algum de vós conseguir gostava de assistir pessoalmente. Claro que de vez em quando haverá a tendência para simplesmente começar a saltar e fazer de conta que se está num qualquer festival poeirento.

E o fim, o fim de Contra traz a lucidez: I think you are a contra tem provavelmente a letra melhor conseguida da banda até agora, repousando ao mesmo tempo a sonoridade, acalmando as batidas frenéticas. Será provavelmente uma página aberta, ou um cd aberto, para aquilo que virá a seguir. Se há coisa prezável numa banda, é precisamente a capacidade de inovar.




2 comentários

Remissão:
http://www.youtube.com/watch?v=4mQ_kLMNqgs
http://www.youtube.com/watch?v=_yfzEAvO5EE
Bonus Track:
http://www.youtube.com/watch?v=GziH8s7ksMo

^^

by Marta Lima on 6 de março de 2010 às 21:18. #

Vampire Weekend e The Rascals, estes ultimos soam-me a Arctic Monkeys que lamento como tudo ter perdido, sao todos detentores de algo que me apaixona.
Parafraseando um simpatico docente, que belas juristas e que belas escolhas xDD loll *

by Ana on 7 de março de 2010 às 14:18. #