Alfred Hitchcock costumava contar uma história engraçada. Dizia que em algumas noites, durante o sono, tinha ideias brilhantes para os seus filmes e guiões, só que ao acordar nunca se lembrava do que lhe ocorrera de noite. Acordava vazio.
Decidira-se então a adormecer com um bloco de notas e um lápis junto a si, na mesinha de cabeceira, para o caso do comboio dos sonhos trazer um ou outro passageiro mais interessante que se justificasse perpetuar.
Dias depois, de novo o sono lhe trouxe companhia, mas desta vez Hitchcock levantou-se, e ensonado rabiscou no sossegado papel. De manha, ao acordar, sentia-se como um menino no dia de Natal, prestes a descobrir o que a noite lhe deixara no sapatinho. Abriu o bloco e leu um tremido “boy meets girl”.
Não me lembro como acabava a história. Como se sentira Hitchcock, ou se de facto levara em diante a pouco rebuscada “ideia” que tivera. Presumo que se tenha sentido ultrajado, enganado pelo seu próprio ser.
Mas quando penso melhor nesta história, deitado na cama, ou sentado no autocarro com um rubro “PARAR” a piscar sobre mim, acabo sempre a achar o estranho ser nocturno de Hitchcock mais genial do que pantomineiro. Afinal, não é quando um “rapaz conhece uma rapariga” que começa todo um enredo de paixão, traição, amor e malvadez, com milhares de milhões de finais possíveis? Não será o amor o catalisador perfeito?
Há dias vi o presidente Richard Nixon dizer que não fosse o inabalável amor de John Mitchell por Martha Mitchell, e talvez a Administração Nixon nunca tivesse caído às mãos do caso Watergate. Conseguirá mesmo o amor derrubar governos?
É apenas uma ideia lamechas, mas é uma ideia…
- 2 comentários • Category: O Pretensioso.
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2 comentários
haverá algo que o amor não seja capaz de fazer? :P
by D. on 2 de março de 2009 às 19:04. #
Rissois de cabrito...
by Guilherme Silva on 2 de março de 2009 às 19:35. #
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