Quente

por Sara Morgado em domingo, 22 de março de 2009

O ar está quente. Não quente quente, mas aquele quente bom que nos anima, não se sabe bem porquê.
Há qualquer coisa na cidade que, tal como nós, a torna mais animada com as brisas quentes e suaves que lhes lambem os edifícios. O calor altera qualquer coisa na cidade, nas pessoas, nas hormonas, nas caras das crianças, nos gelados, nas fontes e nas praças, nos amigos que se deitam a apanhar sol com mochilas nos ombros e sonhos iguais, nos turistas com panfletos de tudo, nos homens de camisa e nas mulheres de óculos de sol e vestidos brancos, nos cabelos soltos, nas mensagens escritas a combinar alguma coisa para aproveitar o tempo quente, nos gira-discos que pedem um disco novo e leve, nas casas e nos carros com as janelas abertas, nas pessoas que calcam as ruas de chinelos, nas sombras das árvores, nas bebidas frescas e nos restaurantes de boa comida, na fraternidade, na amizade, na sedução, no sexo, na intensidade das coisas.
Mas isto toda a gente sabe.
Tirar uma tarde quente de sexta só para ver o Porto a mudar com o calor, vale um verão inteiro.
E pensar que talvez o mesmo esteja a acontecer em todas as cidades e pessoas deste hemisfério.

Um comentário

Gostei muito do texo no seu todo. E depois ainda há uma particulariade daquelas que distinguem a beleza de um texto...: "brisas quentes e suaves que lhes lambem os edifícios".

by Francisco on 23 de março de 2009 às 13:43. #