Qualquer coisa sobre nada

por D. em sábado, 14 de março de 2009

Sábado à tarde, a janela abre-se como sempre para o ocidente onde o sol, o bem dito sol que resolveu voltar, aquece e queima a cara: tenho de começar a pensar ganhar cor a cada ano que passa pareço cada vez mais branca. Da pilha de cd’s por ele deixados cá por casa, escolho Rolling Stones e deixo-me na cama a ouvir na aparelhagem os cd’s enquanto penso no que escrever para o blogue do Tribuna: e parece que já não existem ideias, mas eu até tinha umas anotadas na mente, mas devem ter-se ido com o sono. Odeio esta mania de sempre ter ideias e palavras de madrugada, quando já não tenho força de pegar na caneta e no caderno e passar pequenos tópicos. Acabo sempre por esquecer e de certeza que eram lá que estavam os próximos prémios Nobel da literatura. As almofadas foram deslocadas para os pés da cama onde o sol bate com muitas mais intensidade e porque não, vou também aproveitar para dar alguma cor às pernas, não que elas andem à mostra mas sempre se minimiza o efeito reflector da pele branquíssima. Claro que continuo com dores de garganta e ranhosa e a minha mãe lá grita que estar ao sol com os pés descalços ainda me vai fazer pior, mas eu nunca fui muito de obedecer a conselho externos.
Não existem pessoas a falar e existe um silêncio que se prolonga para lá deste quarto. Estou sozinha. E já há algum tempo que não tinha esta sensação de estar sozinha e ter horas para fazer simplesmente aquilo que me apetece confinada ao espaço casa. E sabe bem. Mas sabe melhor porque todas as pessoas se encontram à distância de meia dúzia de palavras escritas numa sms ou digitadas no Messenger, o que poderia cortar imediatamente qualquer ataque de pânico ou sensação de vazio. E fiquei por minutos parada a olhar para fora da janela: a partir de que momento deixámos todos de poder estar incomunicáveis ou mergulhados na solidão? Desde quando é que passámos a estar constantemente rodeados de pessoas que nos conseguem comunicar apenas em segundos de forma rápida, tendo a facilidade de percorrer as distâncias em breves minutos? É como se todos estivessem presentes a toda a hora mesmo sem os conseguirmos ver, o que nos dá uma rede de segurança capaz de aguentar as quedas mais altas e desprevenidas.

Um comentário

Revi-me nas interrogações que fazes acerca da solidão... nem sempre consigo sentir a possibilidade da rapidez d euma msg cortar essa enorme solidão...
Bom domingo!

by Francisco on 15 de março de 2009 às 13:54. #