A etnografia traz-me uma satisfação intelectual: tal como a história, que une os extremos da história do mundo e da minha, assim também ela desvenda ao mesmo tempo a sua razão comum. Ao propor-me estudar o homem, ela liberta-me da dúvida, pois considera nele essas diferenças e modificações que têm sentido para todos os homens, com exclusão daqueles que, peculiares a uma única civilização, se dissolveriam se escolhessemos ficar de fora. Ela tranquiliza, por fim, esse apetite inquieto e destruidor de que falei, garantindo-me uma matéria praticamente inesgotável para a minha reflexão fornecida pela diversidade dos usos, dos costumes e das instituições. Ela reconcilia o meu carácter e a minha vida.
in Tristes Trópicos, Claude Levi-Strauss
Esta é talvez a mais bela declaração de amor a uma, digamos, área de estudo - a Etnografia, neste caso - que já tive oportunidade de conhecer.
Quem sente assim, não estuda. Vive o que estuda. Saberemos nós o que é isso? Ou sequer que é possível?
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