La Folie

por Guilherme Silva em segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Há tempos desenvolvi o hábito de ouvir música ao adormecer. Estávamos no Outono de 2005 e a vida era mais fácil.
Sintonizava uma qualquer estação, e deixava-me mergulhar no fabuloso mundo da música aleatória. Lembro-me bem de numa dessas noites em que ainda dormia ao contrário, com a cabeça onde agora repouso os pés, depois de ouvir “In too deep” dos Génesis, para muitos “a mais comovente balada dos anos 80 sobre compromisso e monogamia”, a “La Folie” dos The Stranglers começou a arranhar as minhas colunas.
Que faixa sublime. Sublime não, surreal. Era surreal que tencionava dizer.
Seis minutos de uma música mesmerizante, com uma letra em francês que suponho ser muito bem conseguida também. É estranha. Seis minutos de um sonho esquisito, ou seis minutos bem passados numa qualquer casa de ópio na Londres dos finais do século XIX. Seis minutos bem interessantes.
Desde então que digo ser esta a minha música preferida. E quando me perguntam porquê permaneço calado, esperando que alguém me chegue uma fatia de bolo-rei que me mantenha a boca ocupada. Porque a verdade é que não sei. Não sei porque adoro tanto esta música. Mas adoro.