Crítica da Semana: Beowulf

por marcomoura77 em segunda-feira, 19 de novembro de 2007


Confesso que, para esta semana, Beowulf não era a minha primeira escolha, uma vez que estou ansioso para ver o novo de Ridley Scott, o muito esperado American Gangster (fica para a semana). Talvez por isso, ou talvez não, Beowulf não me fascinou.
Indicado, pelas casas de apostas, como um dos favoritos aos Oscars deste ano, o novo filme de Robert Zemeckis foi «entretido», relativamente original e com um toque gore que me agradou, como bom fã de Anime que sou mas em termos de narrativa sempre me pareceu algo oco e previsível.
Zemeckis sempre gostou do Fantástico e, à sua maneira, sempre tentou ser inovador, ainda que nem sempre com bons resultados. Com Polar Express, por exemplo, um filme «menor» da sua carreira, desenvolveu uma especial técnica de motion capture que retrata as expressões e, quase de forma perfeita, a própria face dos actores que estão «por detrás do boneco» - técnica essa que volta a utilizar em Beowulf ainda que não de forma ideal uma vez que, se resulta com Angelina Jolie (numa personagem muito letárgica e quase etérea) não funciona, por exemplo, com Anthony Hopkins que é, como se sabe, muito melhor actor que o pobre do boneco.
Mas a verdade é que ainda nem fiz referência à principal diferença deste filme e aqui confesso que Zemeckis foi engenhoso: é em 3D! E funciona bem! Já não via um filme em 3D desde que vi uma sessão especial do Jurassic Park, no já encerrado Charlot, quando era pequeno e confesso que gostei (ainda que não tenha sido argumento suficiente para me deixar louco pelo filme...).
Beowulf baseia-se em lendas nórdicas em que pontificam trolls, dragões, heróis lendários e os deuses Odin e Heimdall - o que até poderia ser um bom pano de fundo para o argumento, que porém, não existe: as personagens são quase todas excessivamente rígidas e unidimensionais, estereotipadas e sem grande interesse - principalmente a de Beowulf que é um herói chato e sem carisma. A única personagem com que simpatizei foi mesmo a do «braço direito» de Beowulf, desempenhada pelo veterano Brendan Gleeson. Além disso, e sem revelar pormenores, ao fim de meia hora de filme já se previa o final...
Em suma, um filme menor de quem já nos trouxe obras bem mais interessantes como Forrest Gump ou mesmo Back to the Future . que cria um universo infantil mas bem mais elaborado.
Quanto a Oscars... Não vejo alternativa... Ou vence algum nas categorias técnicas ou então será necessário criar a categoria de «Melhor Filme em 3D».
O Melhor: Brendan Gleeson e algumas cenas bem conseguidas a nível visual
O Pior: Instrumentalidade na construção das personagens e excesso de clichés argumentativos
Nota: 6.5/10
Até para a semana...
PS: No cinema, estive rodeado de imbecis que não se calaram durante todo o filme com piadas parvas e irritantes (na entrada devia ser exigido não o Bilhete de Identidade mas sim um Certificado de Idade Mental) e espero que esses «verdadeiros palermas», na acepção científica do termo, não influenciem a minha isenção na análise deste filme.

2 comentários

Importa dizer que eu não era um daqueles "imbecis que não se calaram durante todo o filme com piadas parvas e irritantes"... algumas piadas até eram engraçadas mas ele fica irritado com estas coisas...

Daniela

by Anónimo on 20 de novembro de 2007 às 21:38. #

Desde já um bem haja pela tua participação. Quanto ao filme só o conhecia porque no messenger na parava de aparecer quando se muda de janela de conversação para a outra...
Apesar de considerares uma obra menor, a tua cotação nem está assim tão má, mais de metade de 10...

Quanto aos imbecis, infelizmente há gente que não sabe estar

Beijinhos e espero a próxima crítica ;)

by White Castle on 24 de novembro de 2007 às 00:34. #